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Votação sobre anencéfalos pode ser vitória da dignidade, diz socióloga


Maria José Rosado é coordenadora de ONG de mulheres católicas.
Para ela, interromper gestação de anencéfalo impede ‘tortura’ às mulheres.

A socióloga Maria José Rosado, coordenadora da ONG Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), classifica o encaminhamento da votação no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (10) como sinal de uma provável vitória da dignidade das mulheres brasileiras e do respeito à Constituição no país .

O STF suspendeu no começo da noite o julgamento de ação que pede a liberação do aborto de feto sem cérebro após o voto de seis ministros. Cinco votaram a favor da liberação e um foi contra.

“A decisão pode mudar substantivamente a dignidade e a vida das mulheres que estão em idade reprodutiva. A expectativa delas sempre é a de ter uma gravidez normal. Mas elas terão a tranquilidade de saber que, diante de um diagnóstico contrário, poderão optar pela antecipação, não precisarão sofrer esse trauma de preparar um caixão para o final dessa gravidez”, disse ela ao G1.



“Nós defendemos a vida e a dignidade das mulheres brasileiras. Não queremos que essas mulheres sejam submetidas à tortura de guardar por nove meses dentro do seu corpo um ser que é sem vida.”

A ONG foi fundada no Brasil em 1993, e luta pela justiça social e a mudança dos padrões culturais e religiosos que limitam a liberdade das mulheres, principalmente em relação à sua sexualidade e reprodução. “A maternidade é muito forte, muito bonita, deve ser assumida de forma humana, ser resultado da vontade de ter uma criança. É algo tão grandioso que não pode ser tratado animalescamente”, diz Maria José.

A socióloga afirma que espera por uma decisão favorável por perceber, nos últimos anos, a existência de um consenso ético na sociedade a favor da interrupção da gravidez nos casos em que o feto não sobreviverá fora do útero da mãe. Entretanto, sem a legalização, as mulheres que se encontravam nessa situação são obrigadas a lutar na Justiça pelo direito ao aborto, em um processo que se arrastava por meses e muitas vezes não terminava em tempo hábil, aumentando o martírio durante a gravidez.

“É uma questão de justiça para essas mulheres, e também de isonomia. As mulheres que querem levar adiante essa gravidez são respeitadas, nunca se cogitou a possibilidade de obrigar a mulher a um aborto nesse caso”, diz Maria José.

Para ela, outro impacto positivo da decisão é em relação ao papel da constituição na sociedade brasileiras. “Nós não somos governados por leis de caráter religioso ou outro caráter específico e particular. A sociedade vai perceber cada vez mais que os grupos religiosos têm todo o direito de se manifestar, porque são valores pautam suas vidas, mas não podemos ter as nossas leis decretadas, a nossa constituição pautada por esses valores. São valores de grupos, não são valores da sociedade”, afirma.

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