O Nepal foi atingido neste
fim de semana por uma grande tragédia causada por dois fortes terremotos que
deixaram, até este domingo (26/04), 2,5 mil mortos.
Moradora da capital
Katmandu, a jornalista e autora nepalesa Shiwani Neupane falou sobre os
tremores que atingiram seu país em entrevista à DW. O segundo terremoto
provocou o desabamento de muitas casas que haviam sido somente danificadas no
primeiro terremoto, contou Neupane.
A jornalista ressalta
que os vilarejos em torno da capital Katmandu foram os principais atingidos, e
as pessoas estão cada vez mais receosas.
Neupane é a criadora
do website Story of South Asia (História do sul da Ásia)
com relatos sobre a região.
Deutsche Welle: Onde as pessoas passaram a noite
após o terremoto de 7,8 de magnitude que danificou muitos edifícios no sábado?
Shiwani Neupane: A maioria das pessoas teve
de dormir na rua. Muitos enfrentaram o frio da noite em locais públicos, no
centro de Katmandu. Outros acamparam em algum lugar ao relento, onde pudessem
achar um gramado. Só poucos puderam dormir em suas casas – eu também pude
dormir do lado de dentro.
Depois
do tremor principal, por volta do meio-dia de sábado, foram registradas mais de
20 réplicas. Que impacto tiveram os novos tremores?
Durante o último
tremor secundário, que teve uma magnitude de 6,7, eu estava na rua. Naquele
momento, muitas pessoas achavam que o pior já havia passado e que poderiam
voltar para as suas casas. Mas quando a terra voltou a tremer tão fortemente,
houve pânico e caos. As pessoas, algumas com crianças pequenas, começaram a
gritar e correram para espaços abertos. Eles ainda estão acampados lá fora e
têm cada vez mais medo de tremores ainda mais fortes.
Os meios de
comunicação no Nepal informam que centenas de pessoas podem ter morrido após
esse novo tremor secundário, já que houve deslizamentos de terra nas
proximidades do epicentro. O "segundo tremor" – como é chamado por
muitas pessoas – também destruiu a estrutura de muitos edifícios, causando o
desabamento de muitas casas que haviam sido somente danificadas pelo primeiro
terremoto.
Como
as autoridades responderam ao primeiro tremor de magnitude 7,8?
As autoridades tentam
fazer o que podem. Médicos e enfermeiras cuidam de doentes e feridos,
trabalhando muitas vezes até a exaustão. No entanto, muitas pessoas ainda estão
presas e soterradas nos prédios desabados. Todos aqui são vítimas da catástrofe
e a maioria das pessoas quer ajudar primeiramente a família e os amigos.
Quais as maiores
dificuldades enfrentadas pelas equipes de busca?
O novo tremor, seus
danos e o caos são, no momento, os maiores obstáculos para os voluntários.
Muitas ruas foram liberadas novamente, para que as equipes de resgate possam
chegar aos feridos e também possam viajar para outras regiões afetadas. Isso
não vale para regiões próximas do epicentro, como, por exemplo, Kaski, Gorkha,
Lamjung, onde também houve graves danos.
A
ajuda internacional já chegou e tem alcançado as pessoas?
A Índia está fazendo
grandes esforços, disponibilizando ainda assistência e mantimentos. Aviões e
helicópteros aterrissam, trazendo o material de ajuda para o país. Nossos
vizinhos indianos também expressaram suas condolências e a simpatia para
conosco.
Os danos aqui são
muito grandes, principalmente nos vilarejos ao redor de Katmandu. Muita ajuda
ainda é necessária nos próximos dias. A pergunta é se ela virá.
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